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Carlos Solano fala sobre o projeto de criação das casas do Campus


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Autor do projeto de construção de Nazaré Uniluz, o arquiteto Carlos Solano esteve em nosso campus no mês de julho para rever e fotografar este seu primeiro e auspicioso trabalho. A obra será publicada em livro que marcará seus trinta anos de formação acadêmica. Além de abordar temas da ecologia convencional, o lançamento tratará do que ele chama de ecologia humana – conceito igualmente proposto por Nazaré Uniluz.

Ecologia humana é uma forma de viver leve sobre a Terra. Essa leveza não é agressiva, ela compartilha, ela troca. Inclui o sutil e a beleza, não se apega ao denso. É expressão de dimensões e qualidades superiores, mais nobres, de uma consciência mais ampla”, define Solano.

Nascido em Bela Vista (MS), Carlos Solano mudou-se com a família para Belo Horizonte quando tinha apenas seis meses de idade. Solano tem 55 anos, mas dificilmente alguém lhe daria mais que 45. Ao ser apresentado a funcionários e alguns dos atuais residentes do campus, a aparência jovial do mineiro causou espanto. Ele acredita que o segredo está na prática de exercícios corporais, como natação, yoga, tai chi chuane na alimentação vegetariana“Parei naturalmente de comer carne aos 12 anos. Minha mãe ficou desesperada”, lembra com humor.

Encontro com Trigueirinho – Pouco tempo antes de se formar em arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 1979, Solano não se sentia completo na profissão. As coisas começaram a mudar quando iniciou a prática do yoga junto com seu irmão Artur e outras pessoas, em Belo Horizonte. A partir daí, várias portas se abriram – o futuro arquiteto passou a ter acesso à literatura espiritualista e foi nesse período que conheceu Trigueirinho. “Ele costumava dar cursos e palestras para nosso núcleo, que era formado basicamente por jovens. Além do trabalho grupal, Trigueirinho desenvolvia um acompanhamento individual e foi aí que me aproximei mais dele”, relembra.

Segundo Solano, tanto o contato com Neide Innecco – sua instrutora de yoga – quanto a aproximação com Trigueirinho foram extremamente significativos. “Recebi uma série de respostas e passei a ver um caminho da vida com mais sentido”.

Estimulados por essa nova perspectiva, Carlos Solano e o restante do grupo começaram a dar suporte aos cursos de Trigueirinho. Numa certa altura, Trigueirinho convida pessoas do grupo a participar de uma espécie de aprofundamento, mini-retiro. A ideia principal era que essas pessoas pudessem estudar juntas durante a tarde e pernoitar numa casa. Entretanto, antes da concretização do projeto, Trigueirinho recebe carta de duas irmãs de São Paulo, amigas dele, ofertando um terreno na região rural do município de Nazaré Paulista, localizado a 68 km da capital do estado.

Por ter tido experiências comunitárias anteriores, especialmente na Findhorn Foundation (www.findhorn.org), na Escócia, Trigueirinho entendeu naquele momento que a aventura poderia ser maior e mais profunda. A moradia conjunta seria integral e não mais em Minas Gerais.

Meditação e atenção plena como centro de tudo – Ao visitarem o terreno – totalmente tomado pela mata -, Trigueirinho propôs ao então recém-formado arquiteto, à época com 24 anos, o desenvolvimento do projeto. Convite aceito, eles formulam o projeto inicial, que incluiria um centro comunitário, os alojamentos e a sala de meditação – centro geográfico, conceitual e espiritual do local. “Todas as coisas deveriam girar em torno da meditação, da atitude meditativa. Não adiantava capinar a terra, fazer qualquer outro tipo de trabalho se ele não fosse um instrumento de exercício da atenção plena”, reforça.

Mão na Massa Meditativa – A construção da atual Nazaré Uniluz foi baseada na simplicidade, no serviço altruísta, no respeito à natureza. A escolha de materiais de construção como tijolos de barro e madeira tinham como propósito transmitir essa simplicidade essencial. Em relação à construção das casas, atividade da qual Solano não participou diretamente, toda a obra foi realizada com a participação do grupo de 12 pessoas que ficaram alojadas na propriedade onde hoje está a horta. “Isso foi muito importante porque as casas foram construídas em função do exercício da meditação. Cada tijolo era colocado com atenção plena”, reforça Solano.

Depois de apenas seis meses de trabalho, as casas estavam prontas e começaram a receber novos residentes e visitantes. Solano conta que a maior parte deles era formada por pessoas de meia idade e do sexo feminino, que focavam sua atenção na busca do chamado Eu Superior. “Essa busca foi muito reforçada pela vinda da Sara (Marriott). Ela ouvia a voz do Eu Superior como a gente ouve a voz de outra pessoa”.

Além da cozinha, refeitório e dispensa, no centro comunitário aconteciam palestras e cursos, mais especificamente onde hoje se encontra a sala Moitará. O projeto original dos alojamentos previa a construção de pequenas casas independentes, as quais foram substituídas pelas atuais, maiores e com quartos individuais conjugados.

Convivência com Sara Marriott – Antes da vinda de Sara Marriott para Nazaré, Carlos Solano chegou a conviver com a simpática e carismática senhora em Findhorn, no ano de 1984. Durante parte dos seus oito meses de residência lá, hospedou-se na casa da autora dos livros “Uma Jornada Interior” e “Uma Jornada Interdimencional” (Editora Pensamento). “Ela morava num trailler, com dois quartos, um grande e um pequeno, destinado a hóspedes. Ela me cedeu o primeiro, aquele no qual relata as experiências contidas no livro (“Uma Jornada Interior”). Foi uma grande experiência, muito inspiradora e marcante”, diz.

Retorno a Nazaré, após 10 anos – Hoje, nessa sua primeira visita a Nazaré Uniluz depois de uma década, Solano diz sentir as mesmas boas vibrações do início. Para ele, mesmo com todas as mudanças – as quais considera naturais – “Nazaré Uniluz é um dos pilares energéticos do mundo. O lugar foi muito bem construído energeticamente e essa característica está sendo mantida”.

Citando o Feng Shui, Solano explica que é possível avaliar a qualidade vibratória de determinados lugares por meio da observação da saúde das plantas. Se estas estiverem doentes, o ambiente não pode estar saudável. “Em Nazaré Uniluz, a vegetação está bonita, viçosa. E, no campo da sabedoria popular, mais um ramo de meus estudos, se os pássaros do lugar cantam, é um sinal de que há anjos bons nesse ambiente”.


Entrevista realizada em 2010 por AD Luna é jornalista em Recife (Pernambuco) e fez essa matéria especialmente para Nazaré Uniluz.

http://interdependente.blogspot.com

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