
Respirando… Só a consciência de estar respirando já tem alguns “efeitos colaterais” no resto da vida. A gente vai mudando. E chega o tempo em que percebe que, às vezes, até no fazer – ou cada vez mais no seu fazer –, você está fazendo e atuando no mundo a partir desse estado de consciência. A partir da consciência da irritação, e não a partir da irritação, por exemplo. A partir da consciência do medo, e não a partir do próprio medo. Isso vai se impregnando em você.
Eu me lembro de um grande mestre, Tarchin Hearn, autor dos livros “Respirando”, “Satipatthana” e “Caminhando em Sabedoria”… Ele esteve aqui no Brasil, e uma pessoa perguntou como era a prática dele. Ele falou: “Eu vou te dar uma resposta que vai te decepcionar um pouco. Eu não pratico mais desse jeito. Eu não me sento e fico fazendo uma prática. Eu pratico o tempo todo.”.
Para ele chegar lá, foram horas e horas e horas, e anos e anos e anos praticando como nós praticamos: sentar-se, deitar, andar e fazer uma prática formal. Quanto mais você pratica e mais aprofunda essa sua capacidade de tranquilidade e centramento como base, mais a capacidade de compreensão da condição humana, do que nós somos, vai aumentando.
É muito bonito. Continue, mantenha a sua capacidade de prática. No dia em que não for possível sentar e praticar 20 minutos, meia hora, 40, tudo bem, faz só um pouquinho. Quando há um dia muito cheio aqui, e não consigo parar, na hora de pôr a minha filha para dormir, há aquele momento, logo antes de adormecer, em que ela fica bem quietinha. Nesse momento, eu estou deitado e eu posso fazer um escaneamento corporal. 10 minutos. Pratiquei. Sempre dá para incorporar no dia.
Por Luiz Ribeiro, novembro/2023.
Luiz Ribeiro é um dos primeiros instrutores de mindfulness formados no Brasil e também Coordenador do SerCiente – Formação para Instrutores de Mindfulness em Nazaré Uniluz